Tuesday, August 17, 2010

Blogueira Convidada

A Blogueira Convidada dessa semana é a Juliana Freitas da Love, Inc. que desenvolve as festinhas e os cartões mais fofos de NYC. A Ju também escreve o blog Juju loves NY.

Aqui a Ju conta um pouco de sua experiência como mãe "novaiorquina" com um pequeno de 1 ano e meio e com outro a caminho.

"by Juliana Freitas

É com imenso prazer que escrevo este post para o NY with Kids, blog da Paula, mãe brasileira que vive em NYC, como eu.  Ser mãe fora do país da gente pode ter as suas dificuldades, e as suas facilidades. Aqui conto um pouquinho da minha vida de mãe brasileira na “Big Apple”.

Quando, em 2004, eu rumava de mala e cuia para San Francisco para fazer uma especialização em design gráfico, mal sabia eu no que minha vida americana viria a se tornar. Adiantados 6 anos nessa fita, continuo nos EUA, mas na costa leste. Casada, com um filhinho no colo e outro na barriga. A vida americana de estudos, viagens e compras se transformou em algo bem diferente do que a minha cabeça poderia imaginar. Obstetras, ultrasons, fraldas, noites acordadas… E um convívio intenso com crianças, bebês, pais, mães e babás… americanos!

Não que eu fosse uma super entendida do mundo infantil no Brasil, mas por ter amigos e família com filhos, sabia mais ou menos como a dinâmica-pais-e-filhos-brasileira funcionava. Ou achava que sabia. Até eu virar mãe.

Nos EUA eu engravidei (e segui o padrão americano de só contar que está grávida após os 3 meses de gestação – que no Brasil assusta muita gente, inclusive a minha própria mãe), fiz o meu pré-natal e virei mãe. Nos EUA eu aprendi a amamentar, virei noites e encarei dores de ouvido junto com um recém-nascido. Nos EUA eu aprendi a dinâmica de pai/mãe e filho. Nos EUA o meu filho aprendeu a andar. Nos EUA eu ouvi muito os pais falarem para os filhos aprenderem a dividir (share) seus brinquedos, até o ponto da exaustão. E assim virei uma mãe de coração brasileira com hábitos americanizados.

E agora, com um filhinho de 1 ano e meio no colo, e outro de 4 meses na barriga, me vejo vivendo uma vida cheia de contradições e dificuldades. Atualmente de férias no Brasil, estranho a cultura das babás que praticamente ocupam o papel das mães. Estranho os inúmeros palpites que recebo na rua de desconhecidos. Estranho o preço das coisas e a vida dos pais que quase não mudam depois da chegada dos filhos.

Mas ao mesmo tempo, sei que no momento em que voltar para casa, estranharei também a ausência de carinho com que muitos pais americanos criam seus filhos, a ausência de disciplina na criação das crianças. Estranharei os gringos se surpreenderem quando der um beijinho numa criança conhecida. E estranharei, acima de tudo, a falta que vou sentir dos meus pais, irmãos e amigos na vida do meu filho. A falta de ter esse amor sempre perto para mim é a parte mais difícil. E é um sentimento mais que contraditório, já que amo a minha vidinha reservada, sem muita gente se metendo em tudo e dando palpite onde não é chamado.

Viver em NY é maravilhoso. Ter filhos e ser mãe em NY é também sensacional. Mas não tem nem um pouco do glamour que as pessoas imaginam ter. Passear em NY é muito diferente de morar em NY. Aqui não tem empregada todo dia, lavadeira, cozinheira ou passadeira. Fazer unha aqui custa o olho da cara. A garagem do carro custa mais do que o próprio carro. Mas ao mesmo tempo, não me preocupo com violência, temos parques e museus maravilhosos ao nosso alcance, temos amigos de todos os lugares do mundo e de todas as raças. Vivemos em NY como se tivéssemos nascido lá, e somos tratados sem algum preconceito. Comemos em restaurantes maravilhosos, que não necessariamente custam caro.

Hoje, apesar de todas as dificuldades de ser mãe longe de "casa", conheço o maior amor do mundo e me vejo muito mais feliz do que um dia pude imaginar que seria. É, ser mãe realmente é padecer no paraíso. Seja lá onde esse paraíso esteja localizado."


22 comments:

Anonymous said...

Eh tudo isso ai!!
Faz 8 anos que sou mae aqui em NY, e a cada ida ao Brasil me sinto assim como voce...

Fernanda said...

Assino embaixo! Adorei o post, Ju! Beijos mil pra seus "novos yorkinos".

Xoxo

Ana said...

Legal,adorei conhece-la e saber mais um pouquimho do dia a dia por ai..Uma coisa q ela falou é bem verdade..a gente acha q td vai ser lindo e maravilhoso..mas tb tem certas dificuldades..so uma coisa n muda: mãe é mãe!!! e queremos sempre o melhor p nossa cria seja onde for!!! ;-)
Beijos p ela,parabens pela garra!
boa semana a todas!!

Ana said...

Legal,adorei conhece-la e saber mais um pouquimho do dia a dia por ai..Uma coisa q ela falou é bem verdade..a gente acha q td vai ser lindo e maravilhoso..mas tb tem certas dificuldades..so uma coisa n muda: mãe é mãe!!! e queremos sempre o melhor p nossa cria seja onde for!!! ;-)
Beijos p ela,parabens pela garra!
boa semana a todas!!

Maria Tereza said...

Parabéns pelo texto!
Vivi 4 anos na europa e a dinâmica pais, mães e filhos e bem parecida. Menos consumista, mas muito semelhante.
Voltei ao Brasil e agora assusto as pessoas com minha independencia (tbém criei filha sozinha!)de babás, empregadas e avós!
Tbém me irrito com os palpiteiros de plantão (tbém estou grávida!!).
But, I have to get used to all again.
bjos

Rafaela said...

Ju,
Acho que voce descreveu oque todas nós sentimos...
Na verdade, acho até, que se um dia a gente convidar uma mae que mora no Brasil para nossos almoços em NY, ela vai ficar deslocada, pois é sim , muito diferente ter filho nos EUA e ter filho no Brasil...
O mais engraçado é a imagem que minhas amigas tem... acham que a gente passa o dia fazendo shopping e falando: "Oh my God"!!! rsrsrsrs!
tudo tem seu lado bom e seu lado ruim...

Um bj,
Rafa!

Nine said...

Legal conhecer essa vivência em outro país. Percebemos que a maternidade e a criação dos filhos possui suas alegrias e tristezas em qualquer lugar! Beijos!

Nine
www.minhapequenaisis.blogspot.com

Luciana said...

Oi Ju!

Puxa... há muito tempo eu não me identificava TANTO com post. Você falou tudo. Eu também sou mãe expatriada. Tive meu filho na Australia e hoje moramos em Vancouver. Ele tem quase 2 anos e daqui uma semana vamos visitar o Brasil...

E à medida que a data da nossa ida se aproxima, sinto uma mistura tão grande de sentimentos... Saudade das pessoas amadas, do jeito carinhoso e espontaneidade dos brasileiros, mas... uma preguiça danada quando lembro dos inúmeros palpiteiros (que aqui são inexistentes), das pessoas tentando controlar meu jeito de maternar ou dizendo coisas como "aproveita que vocês estão no Brasil pra sair, aproveitar bastante! Deixa que eu já chamei uma babá pra cuidar do Nicolas pra vocês nos dias que estiverem aqui"... , como eu escutei da ultima vez. Imagina só! Eu passo minha vida toda de mãe tentando adaptar nossos passeios à ele e porque não faria isso no Brasil? Mas lá ninguém entende esse estilo de vida!

Bom, enfim... pelo menos me sinto mais preparada desta vez. :-)

Beijos e adorei o post!

Lu do Nic





Mas

Paty said...

Ju querida, que post lindo! Adorei!
Paula, obrigada por abrir este espaco no seu blog! bjs

LUA said...

nossa que lind post....imagino que deve ser bem assim...legal saber "do outro lado do glamour", bom saber que mãe brasileira, é amor puro em qualquer lugar que esteja...
adorei!!!
bjs

Só as mães são felizes!
http://www.coisa-de-mae.blogspot.com

Paloma Varón said...

Muito legal! E esta contradição vai sempre existir para quem mora longe, o lance é tentar aproveitar o que há de melhor em cada cultura.
Beijos

Viajando com Pimpolhos said...

Muito bacana este post! Me reconheci em varios trechos! É engraçado porque no fundo, como sou estrangeira, entendo bem essas diferenças culturais de que elas estão falando e à cada vez, tenho a impressão de que foi escrito para mim!
Muito legal! Vou agora descobrir o blog convidado e sinto que vou gostar!
Bjs,

Anonymous said...

isso mesmo! :)

Chris Ferreira said...

OI Paula,
adorei conhecer a Ju e saber dos sentimentos de uma mãe morando fora do seus país.
Vou lá conhecer o blog da Juju.
beijos
Chris
http://inventandocomamamae.blogspot.com/

Luana M. said...

Adorei saber um pouco mais sobre a rotina de ser uma brasileira em NY!

A verdade é que o ideal de trabalhar em casa, para poder ter os filhos por perto, não é meta da brasileira. Uma tristeza. Essa cultura das babás é uma vergonha. Babá folguista, oi? O que é isso? Aqui em Londrina elas são raras porque custam muito caro e os salários das mamães aqui, via de regra, são super baixos. É melhor largar o emprego a ter que ser sustentada pelo marido e viver longe dos filhos. COmo disse meu contador, 95% das clientes dele que trabalham fora de casa, pagam para trabalhar. Ter filho em Londrina é algo pra vida! Você muda 100%, graças a Deus.

Parabéns pelas entrevistas.

Anonymous said...

Oi, paulinha, oi ju!
Adorei o post.
Sou ex-futura-expatriada e entendo cada parágrafo e tal e coisa.
Tem coisa boa lá e cá, isso é óbvio.
Mas o "cá" vem me irritando muito ultimamente. A violência, a falta de estrutura (parques, praças), o preço dos produtos pra bebê...enfim.
Já estou ansiosa pela expatriação, tamanho meu descontentamento.
Esses dias que passamos com a family na França Noah só comeu orgânicos (A preço justo!), usou fralda que funciona, bebeu leite que presta e brincou em parques que até eu queria brincar de tão bem feitos.
Ou seja, pra criar filho é bom estar em país que respeita os direitos das crianças.
(desculpem, estou em ressaca pós retorno, achando tudo aqui um saco, hehehe)
Ao mesmo tempo Noah era - sem duvida - a criança mais espontânea e carinhosa de toda europa - e isso ele herdou daqui, não?
Enfim, dilemas...
Beijos nas duas!!!

Vivian said...

Achei o post sensacional. Apesar de não morar fora do país sinto muita diferença entre culturas por aqui mesmo. Já morei nos dois extremos do Brasil e percebo com é diferente criar filhos no sul e no norte
Muito boa essa entrevista

Ministério da Saúde said...

Não conseguiu vacinar seu filho? A vacina contra a paralisia infantil ainda está disponível em toda a rede pública do país. Vá ao posto de saúde mais próximo e imunize todas as crianças menores de cinco anos. A poliomielite é uma doença grave e não existe no Brasil desde 1989. Vamos ajudar a mantê-la longe das nossas casas!

Mais informações: comunicacao@saude.gov.br ou www.formspring.me/minsaude

Bauá said...

Muito legal seu depoimento!!! Amei a entrevista....é tudo muito diferente menos, mais nada como a familia em? faz uma falta ne? bjs

Unknown said...

ADOREI!!

Fabi Saba said...

Ju,
Adorei o post! Tenho esses mesmos sentimentos contraditorios nas minhas ids e vindas. Arrasou!
Bjs

Love, Ink said...

Adorei escrever um post pro blog, Paula. Obrigada pelo convite. Espero que as pessoas tenham realmente gostado do post.
Um beijo pra vc e pras todas!

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