Já escreveu um lindo post aqui, mas eu, que não me canso de ler e me emocionar com seus textos, reproduzo aqui um dos mais novos e lindos escritos pela nossa grande Marina Fiuza.
Marina: publica logo esse livro!!!
"Férias sem Filhos by Marina Fiuza
Vivi a primeira semana de maternidade anestesiada pela emoção de ser mãe. Não me lembro das dores do parto, que a essa altura já nem sei mais se de fato existiram. Os dias eram marcados não mais pelo ir e vir do sol, mas pelas mamadas e choros que logo se dispuseram em rotina. Foi quando no segundo sábado depois do nascimento da minha filha acordei com o já esperado choro da madrugada. Mas ué? Não é sábado? Então me dei conta de que tinha assumido uma tarefa sem fim, a qual eu cumpriria pela vida toda, sem recessos.
O tempo, amigo camarada, apresentou-me o costume que me deixou assim, acostumada. Parei de fazer as contas das quantas repetidas vezes trocava fraldas, entendi que tudo bem se não recebesse um muito obrigado depois de levantar no meio de uma noite de inverno para fazer uma mamadeira. Aliás, descobri o significado das palavras incondicional e altruísmo. E de tanto que o tempo, o costume e eu andávamos juntos, ficou até estranho pensar na vida antes da maternidade. O que será que eu fazia com tanta liberdade?
Quase seis anos depois resolvemos me dar férias. Dez dias para eu fazer seja lá o que for que eu fazia antes de ter um filho. Vai ser bom, concordamos sem que eu entendesse o porquê daquele nó na minha garganta. Vejo minha pequena no taxi indo embora com a vó, as duas felizes da vida. Meu sorriso agüenta só até a esquina. A dor é tão grande que vira lágrima, penetra os músculos, rompe os nervos.
Todos os livros que eu leria, os trabalhos que adiantaria, os cinemas que assistiria, as caminhadas que faria, todos os planos se transformam em um par de olhos mirando o teto e um grande vazio na existência. Concluo que devo ter sido muito infeliz até ser mãe.
E o danado do tempo aparece de repente e agora me traz a novidade. Alegre novidade que se acomoda nos buracos vazios que cavou a falta. Tomamos, eu e Ele, uma dose cavalar de romance e conseguimos, depois de um impensável esforço, aproveitar plenamente nossas férias. E como foi bom... Trouxemos na mala um punhado de ânimo e uma coleção de saudades transformadas em presentes.
E assim vou percebendo, mais uma vez, que tudo tem seu tempo e seu preço."
12 comments:
Que lindo, vou conhecer a Marina Fiuza agora! Eu já tirei algumas férias sem filho e todas sempre doloridas, sempre viajo chorando, sempre volto com a mala cheia porque cada cantinho de lugar me lembra meu filho... mas é bom reativar o romance sem pressa, sem hora, com liberdade. Mas a gente sempre vai ficar como se tivesse faltando um braço, ou uma perna, porque nossa existência se mistura na existência dos nossos filhos seres amados incondicionalmente né?
amei o post, lindo lindo lindo!
bjs
No início desse mês tirei minhas primeiras férias sem filho e senti exatamente tudo que a Mariana descreveu no post.
Lindo, lindo o texto... Amei!!!
Bjsss
Thank you for such an introduction. =) You are almost making me believe I'm a poet.
Perfeito! Vou conhecer o blog da Marina!!!
bjss
Eu tb adoro os textos da Marina! E este da viagem tá lindo,mesmo! Eu ainda não viajei sem minha filha e nem sei quando isso vai acontecer, ms deve ser tãobom qto dolorido, acredito!
Beijs
Nine
Muito lindo seu texto, Marina!
Estou ensaiando para me deparar com esse nó na garganta, mas ainda não cheguei lá...
Mas é engraçado tentar lembrar o que fazíamos com o tempo antes de termos filhos... As vezes não consigo mais nem imaginar como seria!
Bjs
Gi
a Marina Rocks!!!
a Marina Rocks!!!
que coisa linda Meu Deus...como escreve bem!!!amei!!!
bjs
Só as mães são felizes!
http://www.coisa-de-mae.blogspot.com
Que lindo, disse um monte de coisas de sinto, de uma maneira mais bonita e gostosa de ouvir. Amo viajar, viajo muito , e não fica mais facil com o tempo. Cada vez penso em fazer viagens mais curtas (ainda bem que o Nuno não deixa)...
beijos
Pati
http://coisasdemae.wordpress.com
Apesar de ainda nao estar pronta para viajar sem minha pequena, sei que esse dia chegara e que sera exatamente assim, doloroso e merecidamente maravilhoso.
Amei esse texto, deixa vontade de ler mais. Muito bem escrito, parabens!
Ai que texto lindo, fiquei emocionada... tambem nao sei quem eu era antes de ser mae, e as vezes nao sei quem mais eu sou depois de ser mae - rs...
Sou Cristiane, mae do Bernardo, e sua seguidora agora :)
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