Saturday, February 19, 2011

Blogagem Coletiva Internacional: Licença Maternidade em NYC

As leitoras irão se impressionar e se maravilhar com os relatos das brasileiras que moram na Europa. Principalmente na Escandinávia. Anos de licença-maternidade e, em muito casos, paternidade também. Inúmeros benefícios com emprego garantido depois de 2 anos de "dolce far niente" (mentira porque nós full-time moms sabemos que cuidar dos filhos da muito, mas muito mais trabalho que qualquer emprego).

Piadinhas a parte, vamos a realidade norte-americana. Você leitora querida, que mora no nosso país tropical e reclama dos 3 meses de licença maternidade remunerada (nem sei se até hoje são apenas 3 menses, mas na minha época de Brasil era) sente-se e se delicie com a realidade da mulher trabalhadora da terra do Tio Sam e do capitalismo desenfreado.

O único benefício dado por Lei ocorre com empregadores que possuem mais de 50 empregados que são obrigados a dar até 12 semanas de licença não-remunerada para aqueles empregados a, pelo menos, 1 ano. Isso serve também para a licença paternidade.

Resumo: o empregador não pode te mandar embora, mas também não é obrigado a pagar.

O que funciona aqui na prática são os chamados "employment handbooks" que dispõe sob os direitos e deveres do empregado. Cada empresa tem o seu e elas podem ou não oferecer uma licença maternidade remunerada ao empregado. Isso funcionada como um benefício e não como um direito assegurado por Lei.

Outra coisa que também existe por aqui são uns tipos de seguro chamados "short term disability" que você contribui anualmente e, caso tenha uma doença ou tenha filho e não possa trabalhar, o seguro cobre por algumas semanas (menos que 12) uns 60-70% do seu salário.

Olha só que absurdo. A mulher que trabalha aqui tem que se preocupar com a maternidade quase como se fosse uma doença que te inabilita trabalhar e ganhar dinheiro.

E depois vem a Associação Americana de Pediatras dizer que o ideal é que se amamente por 1 ano. Hellooooooo!!! Como? Só ficando em casa e tiver casado com um homem que possa sustentar sozinho a família. Porque se a mulher tiver que voltar para o batente - como ocorre em 80% dos casos - como é que ela vai amamentar? E não ache que existe essa tolerância para "ordenhar" o leite em ambiente de trabalho. Quem o fez, teve que se "esconder" no cubículo do banheiro porque americano tem pavor de ver "nipple"....isso é a coisa mais pornográfica do mundo para eles.

Ah, já ia quase me esquecendo de falar de outro "super" benefício do governo americano para as mães. Após preenchidos 455 formulários, eles te não uma ajuda por semana (não mais que US$100) por 6 semanas parto normal e 9 semanas cesárea.

Por fim, a conclusão é que o país do free-will é tão free-will que tudo fica a critério do empregador. Tem bancos e escritórios de advocacia que pagam 3 meses (vamos deixar claro que nunca ouvi contar, mais do que isso. Se houver, pode crer que deve ser empresa européia), tem empresas que pagam menos e tem empresas que pagam nada. Ninguém é obrigado a pagar nada. Só não pode mandar embora (quem trabalha a, no mínimo, 1 ano).

Outras participantes da Blogagem Internacional que abordam o mesmo tema:


Colaborou com o post: Luli Isacovici e Debora Duval

31 comments:

Rafaela said...

quando eu engravidei, trabalhava em uma agencia de publicidade, eles me disseram que eu só teria 1 MÊS de licença maternidade...
pedi demissao na hora e fui pra casa "fazer nada"....

Priscilla Perlatti said...

Menos de 12 semanas? Ouch!
Mas, Paula, não existe aí uma campanha das mães, associação de pediatria etc. para que isso mude, fique mais flexível? Ou todos se contentam and take it for granted?

Bjs
Priscilla

Nivea Sorensen said...

Oi Paula,
Que absurdo isso, hein? Ja tinha ouvido falar a respeito da licenca nos Estados Unidos mas nao sabia que chegava a esse ponto.
Um beijo,
N.

Paula Duailibi Homor said...

A mentalidade aqui é capitalista demais. Cada um por si e mínima intervenção do estado. Muitas pessoas, principalmente homens obviamente, acham que o governo não tem que interfirir em nada. Vc que trabalhe, economize e se programe para ter filho. O Estado não tem nada a ver com isso.
Aliás, um dos grandes problemas de defcit dos governos Europeus é essa máquina de benefícios que na pratica, incentiva muita gente a emendar um filho no outro ficanod até 5-6 anos fora do mercado e vivendo de benefícios. Isso é muito prejudicial, nnao só ao empregador, mas tb a economia como um todo.

Paloma Varón said...

Realmente, é chocante ver como o assunto é tratado aí. Acho que a diferença é que aí, como os saarios são mais justos, um eletricista ou outro trabalhador sem nível universitário consegue - bem ou mal, mas consegue - manter uma família sozinho.
No Brasil, estamos avançando aos poucos. Quando eu nasci (1978) eram 3 meses de licença - e foi este o tempo que eu mamei no peito. Quando a Ciça nasceu (2007), eu tive direito a 4 meses. E quando a Clarice nasceu (2010), já pude usufruir dos 6 meses de licença, que, infelizmente, não vale para todas as trabalhadoras, só para o funcionalismo público federal (e estadual, em alguns casos) e trabalhadoras de empresas que se cadastramno programa Empresa Cidadã. Mas agora acho que é questão de (pouco) tempo universalizar este direito dos 6 meses a todas as trabalhadoras. E a luta agora é aumentar a licença paternidade de 5 dias para 15 (ou 30, que seria o ideal dentro dos nossos padrões).
Beijos

Unknown said...

E eu q achei um absurdo receber 90% do salario por 6 semanas , mais 6 meses de beneficio do governo, q eh ridiculo de pouco, mas em compensacao a licenca maternidade eh de um ano.

Certamente tantos beneficios sao prejudicias para a economia europeia. Mas para manter uma populacao jovem, problema na Europa, sem ter q importar mao de obra de outras paises nao europeus, o q todo mundo sabe q isso tem o lado bom e ruim, tem q incentivar a taxa de natalidade de alguma maneira. Alguns paises Europes tem grandes incentivos para q as familis tenham filhos q vao muito alem da licenca maternidade. Populucao velha tambem gera problemas economicas, pois alguem tem q manter os aposentados.

Economia nao eh minha area, mas poder aproveitar o primeiro ano dos filhos e ter o emprego garantido,eh priceless.

Adorei saber como funciona por ai, ja tinha ouvido falar q nao era legal.
bj Carol P
http://motherlovedatabase.blogspot.com

Anonymous said...

E viva o CAPITALISMO, eu sou contra licenças eternas a la Escandinavia, acho que realmente causa um belo rombo nos cofres publicos, mas dai a ter 12 semanas é complicado hein!

beijinho

Ana Paula - Journal de Béatrice said...

Paula!!
Fortissima a mentalidade americana de que do "tempo é dinheiro"! E o afastamento da muher para cuidar da cria implica em $$ a menos na empresa! Nossa!! Que coisa hein!!?
Obrigada por compartilhar as informações!
Bjss

Anjinho said...

Aff! E ainda há ma~es brasileiras q achma ruim os 4 meses. Aqui por lei a Licença maternidade remunerada é por 4 meses para as mães e 8 dias para os pais, isso obrigatóriamente.
mas, o governo já concedeu as empresas a opção de conceder 6 meses para o funcionário, caso queria.
bom né?
Eu tenho 3 licenças prêmios na casa (sou funcionária pública) daí q cda licença é de 3 meses) então tô guardando pra pedir qnd tiver o meu baby, só q com certeza eles só me concederão uma licença prêmio por vez, normalmente as colegas aqui pede: 6 lic. maternidade + 3 Lic. prêmio + 1 mês de férias q daria o total de 10 meses em casa cuidando do baby em tempo integral, legla né?
Por isso q apesar dos apesares eu amo o meu país.
bjus e bom FDs.
passa lá no meu cantim.

Fê Gomes said...

Eu tive 4 meses de licensa + 1 mês de férias...Várias amigas (que fiz durante a licensa, enquanto ia para a pracinha), tiveram os 6 meses... Mas todas trabalham em empresas grandes.
Eu fiquei feliz com os meus 5 meses. Deu até vontade de ir trabalhar.
Lembro que aqui no Brasil ainda temos a licensa amamentação. Até onde eu sei, podemos ficar mais 15 dias em casa ou sair mais cedo do trabalho durante 1 mês para amamentar.

Carol said...

eeeitcha e eu tava reclamando da realidade argentina... que pensamento absurdo esse daí, comofaz pra ter filho, gente?!

mas tô gostando mto de saber como são essas coisas em vários países!

beijão!

Paty said...

Paula, e o mais interessante, e que , apesar de tudo, a mulherada aqui adora ter filhos! E comum termos mais do que 2, ate 4! Varias conhecidas querem ter famílias grandes. ESta falta de beneficio nao impede que elas tenham!
bjs

D. said...

Paula, pelo q entendi funciona mais ou menos como no Canadà, nao?

Sao impressionantes essas leis. Parecem serem feitas para nao se ter filhos..So podem ser homens a faze-las (e homens q nao tem filhos!).

Fê Gomes said...

escrevi licenSa... ao invés de licenÇa...

Unknown said...

Olá Paula

Já estive por aqui. No ano passado aluguei o apê do Marcelo através de seu blog. Havia na geladeira uma foto sua e de seu bebê.
Venha me visitar também.

Bjooooooooooooooo............

http://amigadamoda.blogspot.com

Vanessinha said...

Nossa, que horror!

E como é que as americanas fazem, fiquei curiosa já que a maioria trabalha e muito e a taxa de natalidade nao parece baixar nao?

Você tem alguma idéia?

Beijos
Van
www.coisasminhas.com

Márcia said...

Quem disse que a vida na América é fácil? Nananinanão! Eu trabalhei para uma empresa brasileira e até consegui ordenhar por algum tempo, mas acabei decidindo deixar o trabalho porque enfrentei outras dificuldades. Escolhi apertar o orçamento e cuidar do meu filho eu mesma!

Meu relato de amamentação no meu blogo: http://sermaenaamerica.blogspot.com/2008/11/volta-ao-trabalho-e-amamentao.html

Em tempo, Gabriel mamou um ano e meio! Uauuuuu!

Carine said...

Paula, Ja tentei começar varias frases, mas acho que estou sem palavras! mais uma vez a dignidade humana é sacrificada pela M do desenfreado capitalismo. Eu acho que a tem muita heroina criando filhos no EUA.
Gostei como vc relatou teu texto e fora o meu "can stand capitalism anymore" eu sonho com NY, ainda vou.
beijos
Carine S.

Anonymous said...

Paula

eu tive as 6 semanas de licença p cesaria, ganhando +- 1/3 do salario... absurdo! obvio q sai depois, o bebe ainda é tao dependente da mae perto, nao é só questao de amamentar... Ouvi dizer q no Brasil aumentou pra 6 meses, mas que as maes estao c mais medo de perder o emprego, pois as empresas estao tendo de contratar outra pessoa pra substituir c esse aumento do prazo. Enfim, como vc disse acima, alguem sempre pago o preco! bjs

Mariana Della Barba said...

Interessante seria medir o grau de produtividade dessas mães que precisam voltar ao trabalho com o filho de dois meses. Imagina? Até pelo prisma totalmente capitalista não deve valer à pena....
Enfim, já sabia que era ruim, mas fiquei chocada! Do mesmo jeito que fiquei com seu comentário lá no blog sobre os pediatras aí... Como pode? E será que não tem umas associações pressionando o Obama?!
Mas to adorando essa blogagem coletiva de vocês. Parabéns!

patsi said...

E o mais incrivel é que os americanos nao param de ter filhos, o "basico" por aqui sao 3 ou 4 por familia!!
Go figure...

Andreia Moroni said...

Oi Paula,
Sou leitora do blogue, que esta linkado no nosso Varal de Dentro (http://www.varaldedentro.blogspot.com/). moro em Barcelona e participa da Associacao de Pais e Maes de Brasileirinhos na Catalunha (em algum momento teremos um blogue tambem...). Bom, na verdade queria te mandar um e-mail, mas nao achei seu endereco no blogue. Trabalho em uma a gencia de traducao aqui, com sede em NY, que esta precisando de um revisor de Portugues brasileiro para trabalhar in-house de preferencia ai em NY. Pensei que talvez pudesse interessar a alguma de voces. Se quiser mais detalhes, por favor me escreva: andreiamoroni@gmail.com

Beijo e parabens por toooodos os textos!

ps: na verdade nao precisa publicar este comentario...

Paula Duailibi Homor said...

Pra quem pergutou como elas fazem, pela minha experiencia pessoal e pelo que vejo ppr ai, elas para de trabalhar por alguns anos. Aperta-se o cinto, pois cai o padrao de vuda da familia e vao assim ate decididrem voltar ao mercado de trabalho e gastar o salario integral com creche, pois sao rarissimas as publicas e esperar ate os 5 anos qdo comeca a escola publica e elas podem ter o dinheiro delas de novo.

Priscila e Wagner said...

Olá! Moro na Nova Zelândia. Lá a maternity leave são 14 semanas remuneradas com salário mínimo de mais ou menos 40 horas semanais. Porém, por direito a mulher pode ficar de licença até 1 ano podendo voltar ao trabalho com o mesmo cargo. Estou de licença desde Abril de 2010. Aproveitei e vim para o Brasil em Novembro para que a minha família pudesse conhecer o meu bebê e volto para a NZ no próximo dia 27 feliz d+!!!
Bjinhos pra vocês!!

Priscila

beta said...

Paula, que horror! A gente reclama de barriga cheia mesmo... eh por isso que a gente vê um monte de americanas "entrepreneurs" pela net nos mais variados ramos de atividades...

Lia said...

Nossa, Paula, estou chocada. Se já tinha ficado horrorizada com o depoimento da Carol sobre a argentina, agora estou pas-sa-da. Mas é a política neoliberal comendo com tudo, né? Zero preservação da família. Triste, muito triste.
Aqui no Brasil o serviço público federal já adotou 6 meses de licença 100% remunerada, e creio que todos os estados e municípios também estão estendedno o benefício aos seus servidores. Empresas privadas podem aderir, recebendo como compensação incentivos fiscais. É o programa empresa cidadã, projeto de lei de autoria da dep Patrícia Saboia.
Agora a briga é pra estender a licença paternidade pra 15 dias.
É bem melhor que aí, mas ainda cho pouco. Acho que pais e mães de crianças até pelo menos uns 3 anos tinham de ter direito a se licenciar sem remuneração ou a reduzir a carga horária com salário proporcional. Beijos!

Unknown said...

Credo! Eu nem imaginava que era assim.. a gente sempre pensa que aí é tudo uma maravilha! Nesse ponto prefiro nosso brazuca mesmo! hehe
Bjos!

Renata Gomide said...

Depois de 2as semanas num emprego novo aqui em NJ descobri que estou gravida. Esperei passar um tempo e fui conversar com RH sobre a licenca. Como a empresa tem menos de 50 funcionarios eles te dao short term disability ate 12 semanas. So nao sei qto sera pago, ou nao. Ela vai ver e me avisar. Nada animador ne?
O que eu vejo por amigas que tiveram filho aqui eh que quem pode fica um tempo sem trabalhar, independente da empresa e quem nao pode pena pra caramba pra conciliar horarios, mamadas, pumping.... Ainda nao sei qual sera o meu caso! A licenca maternidade do Brasil eh uma bencao se comparada com os EUA!

Gle Rudelli said...

Moro nos EUA NJ e meu filho nasceu aqui, porém ñ estava trabalhando, mas sempre ouvi dizer que aqui na terra do "Mc Donalds" não tinha essa "moleza" da licensa maternidade como no Brasil.

Porém eu ñ fazia idéia de que era algo tão absurdo! Não planejo ter outro herdeiro tão cedo, mas já venho pensando no assunto, pois provavelmente estarei trabalhando da próxima vez em que engravidar.

Minha maior preocupação é com a amamentação, como faz? Não faz né, confesso que já estou com medo de uma 2a gravidez. rs

Márcia said...

Algumas amigas minhas que tiveram bebê aqui nos EUA optaram por deixar as crianças em "daycare". Eu diria que um "daycare" é uma coisa híbrica entre uma creche e uma babá. Muitas brasileiras cuidam de crianças em suas próprias casas e uma mãe vai falando para a outra e assim a vida vai seguindo.

Márcia said...

Texto em inglês da jornalista Lylah M. Alphons sobre licença maternidade nos Estados Unidos: Write. Edit. Repeat.: Should paid parental leave be a perk, or a require... http://t.co/udUghDI

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